*Por Claudia Gimenez
O Metaverso, que promete ser uma extensão virtual do mundo físico, está chegando para revolucionar o dia a dia e as empresas. Diferentes companhias já anunciaram a presença neste novo universo. Embora diversas questões relacionadas a ele ainda não estejam totalmente claras e sua tecnologia ainda esteja em desenvolvimento, já é possível tirar proveito desta novidade.
Por se tratar de um espaço aberto, que permite reunir pessoas, ele deve reduzir distâncias, proporcionando uma experiência mais realista e imersiva do mundo digital. Para empresas, por exemplo, já é possível realizar reuniões e eventos, colocando todos os colaboradores em um mesmo espaço, com muita proximidade, mesmo que estejam todos em home office, em sedes distantes ou até mesmo em outros países. É uma evolução muito grande em relação às reuniões via Google Meet ou Zoom.
Líderes de empresas poderão se aproximar e conversar com colaboradores de forma simplificada, bastando o toque de uma tecla. O que muitas vezes é impossível no mundo real pode ser realizado de forma virtual, com a aproximação entre as altas lideranças e todos os times, trazendo uma relação de confiança que muitas vezes é dificultada pelas distâncias. Sou executiva e sei como é difícil conhecer todos os colaboradores, mas valorizo muito a proximidade e o acesso. Gosto de entrar nas salas de reunião, conversar com todos que estão ali presentes e me apresentar. Sei que muitos talvez nunca me conheçam pessoalmente por conta da distância, mas o metaverso permite que estejamos próximos fisicamente.
Para o consumidor, essa proximidade abrirá uma ampla gama de possibilidades. A ideia do metaverso é que as pessoas consumam produtos e tenham experiências imersivas, como ir a lojas, comprar roupas e até ir a restaurantes. Se antes a integração de canais era uma tendência – a chamada omnicanalidade – hoje ela já é realidade e considerada uma obrigação das empresas. O mesmo deve acontecer com o metaverso: a presença das marcas será obrigatória. Isso certamente gerará novas necessidades em termos de customer experience e customer service. Ter os parceiros certos para cobrir as novas exigências será essencial.
Tem outra questão ainda mais atrativa: as vantagens para a realização de treinamentos – difíceis no mundo real. Todas as unidades podem receber as mesmas aulas e atualizações, ao mesmo tempo, evitando desperdício de tempo e deslocamentos. O mesmo vale para eventos e ações de descompressão, como palestras, aulas de yoga e pequenas celebrações. Com a pandemia, engajar os colaboradores se tornou mais difícil e o metaverso permite contornar estes problemas com a aproximação e um pouco de calor humano. Percebi como isso faz falta com o isolamento.
Vale observar que o universo tem um grande potencial para gerar novos negócios, sendo esta uma das razões pela qual as empresas precisam ficar atentas para a novidade. Quem não se atualizar e estiver preparado o quanto antes para aderir ao metaverso ficará para trás. Ele será parte da rotina dos negócios, para interação interna e contato com clientes. Como CEO, eu gosto de estar por dentro de tudo o que acontece na empresa e nos nossos clientes – e o metaverso é uma das melhores maneiras de tornar isso possível. As marcas cada vez mais devem aderir a unidades e produtos virtuais, o que já está sendo feito por gigantes globais como Coca-Cola, Adidas, Walmart, Bulgari, entre muitas outras.
A promessa é que imagens, vídeos, textos, dados e sons sejam transmitidos de forma mais rápida, eficaz e com melhor qualidade. Este é mais um fator pelo qual as comunicações sofrerão uma nova revolução, que já havia começado com as redes sociais, as chamadas de vídeo e WhatsApp.
O metaverso também será uma boa ferramenta para contratação de profissionais. Muitas vezes os candidatos moram em locais distantes da sede e farão trabalho remoto. A possibilidade de conhecê-los de forma virtual permite verificar o perfil de cada um, ao mesmo tempo em que eles terão a oportunidade de conhecer a empresa melhor, preparando-os para o trabalho.
É importante notar que o metaverso ainda é algo muito novo e que está em desenvolvimento. Nesta fase, os próprios colaboradores podem dar sugestões e ajudar as companhias a aderir à tecnologia. O que pode parecer fundamental e funcional para as lideranças pode não atender as necessidades do dia a dia das equipes e ter esse feedback é importante para escolher um sistema e um formato adequados. A troca entre os times deve ser feita com muito carinho, demonstrando o cuidado que a empresa tem por seus colaboradores.
Um dos principais pontos a ser levados em consideração é que a tecnologia precisa ser acessível. Vale lembrar que nem todas as pessoas têm óculos de VR, super câmeras ou internet ultrarrápidas – principalmente se pensarmos no Brasil. Facilitar o acesso a essas tecnologias torna a adesão de todos os integrantes de uma mesma empresa mais factível. É possível utilizar softwares instalados nos computadores, sem necessidade de 3D, apenas com a montagem de avatares, por exemplo.
Inovar e aderir às mudanças é essencial para a sobrevivência de qualquer negócio. No entanto, a tecnologia não caminha sozinha. O metaverso deve sempre ser pensado de maneira a aprimorar e completar o elemento humano, pessoal, nunca para substituí-lo. Afinal, empresas são feitas de pessoas para pessoas.*Claudia Gimenez é vice-presidente e gerente geral da Concentrix Brasil, multinacional de soluções de customer experience.
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