Sou corredora. Daquelas que acorda cedo para correr e que escolhe o tênis com o mesmo carinho com que escolhe uma boa pauta. Sempre usei marcas mais tradicionais, como a Asics — e ainda gosto delas. Mas em outubro do ano passado, durante a Corrida da Plié, experimentei pela primeira vez um modelo da Olympikus. E foi amor ao primeiro quilômetro.
Comprei o meu primeiro Corre 4 pink, da campanha do Outubro Rosa — e isso já ganhou ainda mais meu coração. Era mais que um tênis bonito e funcional: era uma mensagem de cuidado, conexão e propósito. E ali, a Olympikus virou minha marca do coração.
Uma conexão pessoal (e familiar)
Minha irmã, que sempre me incentivou na corrida e com quem corri minha meia maratona em 2015, é ultramaratonista. Sabe tudo de provas, tênis e novidades do mundo da corrida. Foi ela quem me falou da Olympikus — e falou com entusiasmo. Disse que os modelos eram confortáveis, macios, leves e com um preço maravilhoso.
E olha que ela não é da comunicação, mas ficou impressionada com o quanto a marca se expandiu e como seus tênis estão disputando espaço com gigantes internacionais.
Estar onde o público está: a força dos eventos e das experiências reais
Um dos movimentos mais potentes da Olympikus foi estreitar os laços com o público diretamente nos eventos. A marca não se limitou à imprensa ou à mídia tradicional: ela foi onde os corredores estão — nas ruas, nas pistas, nos treinos e nas provas.
Na Corrida da Plié, percebi que muitas mulheres estavam com o mesmo tênis rosa nos pés. Só depois entendi que aquilo fazia parte de uma ação da marca — e o modelo ainda nem tinha sido lançado oficialmente. Era o Corre 4 pink, e a corrida virou uma espécie de “preview” ao vivo do produto, com corredoras reais testando e divulgando, sem precisar de roteiro.
O mais bonito? Parte do valor da venda desse modelo, quando foi lançado dias depois, foi destinado a causas sociais ligadas ao câncer de mama. Ou seja, produto, experiência e propósito se encontraram ali, de forma natural e potente.
A Olympikus também se conectou com influenciadores certos, apostando em perfis diversos — desde atletas de elite até corredores comuns com histórias inspiradoras. Isso gerou identificação e um sentimento de pertencimento: “essa marca é para mim”.
Mais que imprensa: estratégia de reputação
O sucesso da Olympikus não veio apenas de bons produtos. Houve uma estratégia pensada para reputação e conexão. A marca:
- Se aproximou de eventos relevantes, como grandes maratonas;
- Fez collabs com o Strava e outras marcas do universo da corrida;
- Criou campanhas com propósito, como a do Outubro Rosa;
- Destacou uma de suas donas em sua narrativa — uma figura pública que superou um câncer e inspirou outras mulheres;
- E, principalmente, ouviu e valorizou o público comum, transformando cada corredor em porta-voz.
Reputação não se improvisa
Como estrategista de PR, vejo esse movimento como uma verdadeira aula. A Olympikus não virou líder entre os corredores brasileiros no Strava por acaso. Ela entendeu o público, escutou suas dores e entregou inovação de forma acessível. Criou produtos com placa de carbono e grafeno líquido (como o Corre Supra), mas sem perder o foco em democratizar o acesso à performance.
Mais que marketing, houve posicionamento com propósito.
Essa transformação foi destacada por Márcio Callage , CMO da Vulcabras e diretor de marketing da marca Olympikus, em entrevista ao jornal O Globo. Ele relembra que, em 1997, a marca carregava uma fama negativa:
“As pessoas tinham vergonha de usar Olympikus”, contou ele, com base em dados de pesquisa da época.
Hoje, com o modelo Corre — descrito por ele como um tênis “pau para toda obra” — a marca se tornou a principal escolha do corredor brasileiro, especialmente de quem busca performance sem precisar investir uma fortuna.
É um exemplo claro de como uma reputação pode ser reconstruída com estratégia, escuta ativa e consistência.
O papel do PR (de verdade)
Quando o PR é bem-feito, ele transforma a percepção da marca. Não é sobre “aparecer mais” — é sobre aparecer certo, com consistência, nas conversas certas, com as mensagens que criam identificação.
E esse trabalho começa muito antes do release. Envolve relacionamento, repertório e leitura de contexto. É o tipo de atuação que constrói autoridade e transforma matérias em histórias — e produtos em movimento cultural.
O que esse case nos ensina?
1. Reputação é construída com escuta e estratégia A Olympikus soube olhar para o mercado e entender o que precisava mudar — e foi lá, aos poucos, virando o jogo.
2. Posicionamento exige verdade e constância Eles estiveram presentes nas provas, conversaram com o público, criaram junto. Não tem mágica, tem trabalho bem-feito.
3. Dados contam histórias (quando usados com inteligência) A liderança no Strava e o desempenho nas maratonas são argumentos fortes — mas ganham potência quando vêm acompanhados de storytelling e propósito.
Correr bem. Comunicar melhor.
Em 2018, lancei um livro sobre corrida e finanças: Linha de Chegada – O poder do hábito e da disciplina para conquistar suas metas com minha amiga e consultora financeira Márcia Tolotti e o preparador físico Marialdo Rodrigues. E quanto mais eu corro, mais eu entendo que PR é exatamente isso: disciplina, consistência e visão de longo prazo.
A Olympikus saiu do “tenho vergonha de usar” para o “não troco por nada”. Porque fez o que muitas marcas esquecem: criou presença real na vida das pessoas.
E, no fim das contas, é isso que faz uma marca conquistar o coração do público — e dos corredores.
0














Leave a Comment