Todos os anos, alguém anuncia “as grandes tendências da comunicação”. Mas poucas vezes essas tendências nascem das conversas verdadeiras, das dores do mercado, do que as pessoas sentem, vivem e verbalizam quando estão diante de uma plateia ou de um microfone.
No último mês, me sentei ao lado de empreendedores, comunicadores, líderes, artistas, especialistas e vozes plurais que passaram pela a segunda edição do POD Ser Pauta — A conversa que vira pauta. As conversas não foram só inspiradoras, foram prenúncios de como vai se construir reputação, humanização e presença na era da saturação digital. A partir das pautas discutidas lá e do panorama global recente, elaborei seis tendências que vão dominar a comunicação e o PR em 2026.
Já adianto que algo ficou muito claro: 2026 não será sobre novas ferramentas. Será sobre novos comportamentos.
1. IA + curadoria humana: criatividade com responsabilidade
A tecnologia de IA, que já vinha remodelando o marketing e a produção de conteúdo, entra em 2026 mais madura e inevitável. Ferramentas de automação e machine learning vão tornar processos mais rápidos, estratégias mais precisas e experiências muito mais personalizadas. Mas, justamente por isso, o diferencial passa a ser aquilo que nenhuma tecnologia entrega: contexto, sensibilidade e significado.
2026 será o ano em que o mercado finalmente entenderá o óbvio que muitos relutavam em admitir: IA não substitui comunicadores, ela potencializa quem sabe comunicar. A personalização guiada por dados será decisiva nas escolhas de consumo, mas o que gera conexão genuína continua sendo humano. A lógica, o “porquê”, o olhar crítico, o senso de timing… essa camada de curadoria que transforma informação em narrativa é — e seguirá sendo — exclusivamente nossa.
2. Autenticidade e humanização como moeda de confiança
O público deixou de responder a narrativas impecáveis e passou a buscar verdade, vulnerabilidade e coerência. Pesquisas recentes em marketing de influência mostram que consumidores estão “alérgicos” a tudo que parece artificial: querem o real, não o espetáculo; querem comunidade, não performance. Autenticidade deixou de ser diferencial, virou filtro.
Nos painéis do POD Ser Ao Vivo, isso apareceu com força em conversas que abordavam corpo real, saúde emocional, maternidade, trabalho, falhas e coragem, mostrando que, em 2026, teremos menos postagens programadas e mais diálogo vivo; menos controle de imagem e mais confiança construída. O público quer narrativas que inspiram e marcas que tenham coragem de ser gente.
3. Micro-influência, comunidades e relevância local
A era do “olha quantos seguidores” está perdendo espaço para algo mais valioso: microcomunidades. Estudos recentes mostram que nano e microinfluenciadores geram mais confiança, engajamento real e identificação do que grandes celebridades, porque falam para nichos com profundidade, não para massas com superficialidade. Marcas começam a entender que autoridade não está no volume, mas na legitimidade da voz.
E isso conversa diretamente com o que vimos no evento e durante vários painéis: as conversas que mais moveram pessoas nasceram dos nichos — de temas íntimos, de experiências reais, de presenças que não se impõem, mas se conectam. Em 2026, marcas e assessorias vão buscar parcerias menores, mais humanas e mais próximas. Não é sobre tamanho, é sobre verdade e sobre criar comunidade, não plateia.
4. Experiências transmidiáticas: a história não mora mais em um lugar só
O consumo de conteúdo deixou de ser linear. Vídeo curto, áudio, texto, presença física, experiência digital… tudo agora acontece ao mesmo tempo. E 2026 será o ano em que as marcas finalmente vão entender que uma história não vive em um único formato, ela precisa respirar em vários, porque as pessoas consomem em ritmos, plataformas e profundidades diferentes.
O avanço da IA e das tecnologias emergentes vai acelerar isso: vídeos curtos, lives, podcasts, experiências interativas, storytelling multimídia e até realidade aumentada deixarão de ser experimentos e passarão a fazer parte do fluxo natural da comunicação. Na edição especial “A conversa que vira pauta” do POD Ser Pauta, vimos esse movimento na prática. Uma conversa que começa no palco vira podcast, vira corte, vira texto, vira pauta — e cada formato alcança um público com uma intensidade diferente.
5. Transparência, ética e propósito como diferencial competitivo
Em um mundo saturado de informação (e desinformação), as pessoas querem marcas que fazem o que dizem, principalmente quando o assunto é saúde, corpo, limites, diversidade e representatividade. Estudos internacionais já mostram que valores se tornaram tão importantes quanto produtos: ética virou ativo competitivo.
Para quem trabalha com PR, isso deixa ainda mais intensa a ideia de alinhar discurso e prática, comunicar com honestidade, assumir compromissos reais e dar voz ao que importa. Reputação não nasce de campanhas, mas de consistência. E 2026 só vai amplificar a exigência de que cada vez mais, marcas serão cobradas não pela história que contam, mas pela história que vivem.
6. Comunicação orientada por dados sem perder o tato
Claro que a intuição continua sendo uma bússola poderosa, mas a intuição guiada por dados é imbatível. Com ferramentas de análise cada vez mais avançadas, monitoramento inteligente e métricas que realmente importam, líderes de PR já sinalizam esse movimento: pesquisas internacionais indicam que 75% deles devem aumentar seus investimentos em dados até 2026.
Mas há um ponto que ninguém pode esquecer: número sozinho não move pessoas, histórias sim. O diferencial estará na interseção de informação precisa + narrativa com alma. Para quem assessora marcas, o caminho é claro: dominar ferramentas, pensar estrategicamente e medir resultados sem jamais perder o coração da comunicação.
Para concluir: 2026 vai cobrar profundidade
Se tem algo que a segunda edição presencial do POD Ser Pauta — A conversa que vira pauta deixou claro é que comunicação não é agenda vazia, nem performance fria. É encontro, corpo, história, verdade e, acima de tudo, escuta ativa.
Para assessores, marcas e profissionais de comunicação, 2026 será um ano de escolhas entre o ruído e a relevância, o superficial e o autêntico. Entre script e presença. E eu sigo aqui, ouvindo, aprendendo, traduzindo e ajudando marcas a encontrarem não só seu discurso, mas sua voz. E claro, quero com toda essa confusão, teremos um novo encontro ano que vem, no dia dia e mês 11/11. Espero você lá, mas antes disso, temos muito que refletir e conversar por aqui.
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